O Início da Astronomia
A astronomia é uma das ciências mais intrigantes que existem, por dois motivos: o céu está a alcance de todos, mas também porque o céu está fora do alcance do todos. Muitas vezes pensamos que estrelas estão muito longe, brilhando e paradas no céu. Um pensamento relativamente correto, e não obstante do nosso dia a dia corrido em que apreciar o céu é algo que poucos fazem, e talvez aqueles que façam ainda sejam olhados pelos colegas como "sem ter o que fazer". Há muito tempo atrás não existia internet, tampouco whatsapp, nem televisão, nem dominó. O único espetáculo da noite era o céu, então, vamos imaginar que estamos num tempo em que o céu está em evidência e poderemos assim descobrir muitas coisas.
Os Planetas
Você
Já percebeu que é bem intuitivo afirmar que tudo fora da Terra está girando ao
nosso redor. Que o Sol nasce e se põe, que a lua gira ao redor da Terra, que
tudo que existe está girando ao redor da Terra enquanto estamos parados e
apreciando o espetáculo do cosmo. Aristóteles (300 anos a.C) e Ptolomeu (ano
100 d.C) também perceberam isso. Se você tivesse nascido nessa época talvez
ficasse bem famoso também com esse pensamento. Uma tese interessante sustentada
por eles é que a Terra só pode estar fixa porque caso se movesse, os pássaros e
as coisas em queda livre seriam deixados para trás (imagine um pára-quedista
pulando de avião e dai a Terra vai embora ele fica no espaço !!!). Essa ideia
foi chamada de Geocentrismo.
Entretanto,
depois de 1500 anos, um astrônomo e matemático de nome Nicolau Copérnico
observava os astros a olho nu e não tinha equipamentos sofisticados. Mas mesmo
assim observou que alguns planetas não acompanham a órbita circular ao redor da
Terra, ou melhor, eles não se mexiam do leste para oeste fixos no céu como as
estrelas, algo muito estranho que ia contra qualquer teoria já aceita.
Representamos nessas imagens abaixo o vôo de um planeta em alguns meses:
Fonte:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1UTKhi_E0JyVyKYGjJYSRoaP_p1c4_OmvBejTlWqDsOSLEJc-rEzSkIp9m1qER0LyOYA62bvHAmX64C1jFASxia-xHNasWDohI4zvuHLSCx8dW901mbMjRTn99kjV1Di06x6wmDT_3foj/s1600/MarsRetroTTezel750x500pxl@30q.jpg
Qualquer
pessoa pode fazer isso também, basta ter paciência de observar os planetas.
Então, depois de muita especulação, publicou em 1543, ano de sua morte, e
quando o Brasil ainda era tomado dos índios, a teoria do Heliocentrismo, onde o
planeta Terra era só mais um dentre outros que orbitavam o sol. Entretanto,
esse modelo não era avançado pois em sua época não havia cálculos maduros o
suficientes e demorou até o ano de 1700 para que seu modelo fosse aceito por
alguns astrônomos.
Galileu,
outro estudioso físico, matemático, astrônomo e filósofo (pouco né?), que
muitos confundem como inventor do telescópio, mas na verdade ele foi o primeiro
a usar em cunho científico, o que ajudou em muito suas teorias. Viveu por volta
do ano de 1600, e abraçava a causa do Heliocentrismo. Para provar, fez um
experimento que você também pode fazer: em pé e parado se você jogar uma pedra
da altura da sua cabeça, ela cairá em junto ao seu pé. Se você subir numa
bicicleta ou skate ou qualquer coisa que se mova e tenha uma altura, e soltar a
pedra, ela continuará caindo junto a você! A melhor maneira de fazer essa
experiência seria jogar algo do teto do carro em movimento para que caia dentro
do próprio carro, porque evita a ação do vento, assim como se tivesse num trem.
Você perceberá que o objeto não fica para trás com o movimento do veículo, mas
continua a cair verticalmente. Galileu fez isso, só que em cima de um mastro de
um barco. Jogou uma pedra, e este barco estava se movendo. Mas a pedra não
ficou para trás, continuou a cair no pé do mastro.
Fonte:
http://image.slidesharecdn.com/relatividadeespecialmaio-2011pub-120815193034-phpapp01/95/einstein-e-a-relatividade-especial-21-728.jpg?cb=1345059215
Então a Terra se movendo, ou não, as coisas
sempre cairiam no chão sem ficarem para trás. Por Galileu pensar isso, foi
condenado pelas suas publicações em 1633, suspeito de heresia (crime contra
regilião). Mas não chegou a ser queimado vivo como outros cientistas.
Um
jovem estudante da escola protestante chamado Johannes Kepler, mais ou menos no
mesmo período que Galileu, fascinado por geometria e de muita fé quis entender
a geometria do universo e como tudo foi feito e é organizado. Até então, só se
conhecia 5 planetas e na geometria existem 5 sólidos geométricos cujas faces
são poliedros regulares (cubo, tetraedro,octaedro,dodecaedro e icosaedro),
então sua mais sagaz tentativa foi organizar os planetas dentro dos sólidos, frustradamente refutada
pelo próprio depois de longos anos de tentativas.
Mas
isso foi muito importante pois com os seus estudos e observações, percebeu que
os planetas variavam sua velocidade, e a única forma que retratava bem a esse
comportamento irregular é a elipse, e que o sol estava em um dos seus focos.
Quando os planetas estão perto do Sol, giram mais rápido. Imagine como se
fossem dois imãs e tentemos encostar os dois pólos positivos. Um imã irá
repelir o outro, com mais força quando tentamos encostar mais ainda.
Essa
foi chamada de 1ª lei de Kepler. Um fato difícil, pois a elipse vai contra toda
crença de órbitas circulares sustentada desde os primeiros astrônomos.
Fonte:
http://www.ciencia-cultura.com/Pagina_Fis/exerciciosResolv00/plantao-gravitacao/kepler009a.gif
|
Avançando
essa teoria foi notado outro fato interessante, que mesmo que a velocidade
varie, o tempo que ele demora a percorrer uma determinada área é sempre o
mesmo. Assim, e por meio de muitos outros cálculos, pôde-se concluir que os
planetas percorrem áreas de órbitas iguais em tempos iguais. Essa foi chamada
de 2ª Lei de Kepler.
Por
fim, em término das suas descobertas, sua última e talvez mais intuitiva
descoberta foi que planetas que giram mais próximos ao sol o fazem com menos
tempo que um planeta que está mais afastado do mesmo sol. Assim quanto mais
afastado está um planeta, mais tempo ele demora para completar sua órbita.
Então essa proporção entre o raio médio da distância do planeta ao seu Sol e o
tempo de órbita foi chamada de 3ª Lei de Kepler.
Estas
explicam perfeitamente e foram utilizadas em inúmeros processos de cálculos de
órbitas, entretanto hoje a tecnologia já faz isso com precisão muito alta, mas
suas leis ainda são base e por isso aprendemos na escola. Percebemos que suas
descobertas não têm ligação com a idéia principal dos sólidos geométricos. Isso
provavelmente o entristeceu e só restou a Kepler aceitar o que de fato
acontecia e como as coisas se comportavam e não mais o que somente se pensava.
Depois
de Kepler, a tecnologia começou a evoluir muito e muitas sondas foram lançadas
para o espaço com o objetivo de analisar os planetas do nosso sistema solar e
mais afora. A primeira missão com esse cunho foi a Venera 9 e 10, tirando fotos
de Vênus. As mais famosas são dos Estados Unidos - Voyager 1 e 2 em 1979.
Tiraram muitas fotos e desvendaram muitos segredos. A Voyager 1 já está fora do
Sistema Solar.
Principalmente
com a utilização do telescópio Hubble capaz de fotografar lugares extremamente
longe nos confins do Universo, capaz de nos agraciar com imagens como estas:
fonte: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0CAcQjRxqFQoTCJSn_Oa7l8kCFQaVkAodQBkJNA&url=http%3A%2F%2Fwww.visaociencia.com.br%2Fhubble-completara-25-anos-em-abril%2F&psig=AFQjCNF2sNqFcTwBOkk-0hJIyhEGw8mV_g&ust=1447850017831570 |
fonte: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=&url=https%3A%2F%2Fwww.phactual.com%2Famazing-facts-about-nasa%2F&psig=AFQjCNF2sNqFcTwBOkk-0hJIyhEGw8mV_g&ust=1447850017831570 |
Hubble
abriu uma nova expectativa além do nosso sistema solar e começamos a analisar
outros planetas e outros sóis, outros sistemas e constelações distantes. Hoje
já se sabe a existência de mais de mil planetas, catalogados e numerados,
todos orbitando em outras estrelas. O planeta mais próximo de nós está a 11,7 anos-luz de nós, chamado de Gisele 15AB, orbitando a estrelas GI 15A.
E
então voltamos para a Terra e olhamos para as estrelas e agora temos noção que
para qualquer lugar que se olhe no Universo, existem outros Sóis, outros
planetas, outras constelações, outras galáxias. Nosso campo de visão aumentou
com o passar do tempo, mas a curiosidade de descobrir continua a mesma.
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Por Luis Henrique G. Santos, funcionário
público estadual, Técnico em Edificações, cursando faculdade de Ciência e
Tecnologia na Universidade Federal do Maranhão e professor de rede de ensino de
apoio de matemática, física e química, amante dos assuntos sobre ciências
exatas e astronomia, inovação, tecnologias, descobertas e curiosidades sobre o
mundo.
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